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Perfil Sazonal: Plantas do jardim

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Plantas em destaque

Coreopsis (Coreopsis tinctoria)


Nativa da América do Norte, mas amplamente cultivada em jardins, existem dezenas de variedades de Coreopsis. A que cultivo no jardim é a Coreopsis tinctoria, uma planta tintureira histórica para os indígenas norte-americanos. A planta completa tem potencial para tingimento e impressão, produzindo tons de amarelo quente, laranja vibrante, vermelho ferrugem e até verde escuro ou marrom, dependendo do mordente e da concentração. É uma das favoritas dos polinizadores, alimentando abelhas e borboletas durante todo o verão. Num banho de tingimento, ela incorpora o calor e o brilho da estação, e as flores impressas são praticamente fotográficas.


Cosmos (C. Bipinatus e Sulfuris)


Ambas as variedades de Cosmos são essenciais em um jardim tintureiro, tanto pelas flores quanto pela folhagem. Nativas das Américas, existem dezenas de variedades e subespécies. O Cosmos bipinatus rosa é frequentemente plantado em jardins ao redor do mundo. Cresce extremamente rápido e brota facilmente a partir de sementes que caem. A folhagem produz cores que vão do amarelo ao verde, e as flores do Cosmos Sulfur exibem tons de laranja, enquanto as flores do Bipinatus rosa exibem surpreendentes cores azul-turquesa na impressão botânica!


Scabiosa (Sabiosa atropurpurae)

A Scabiosa atropurpurea (a variedade que cultivo no jardim) é prima da espécie selvagem com o mesmo nome, nativa de Portugal, que pode ser encontrada crescendo em solos perturbados e prados — só que com flores de cor muito mais clara, mais próxima do lavanda. Esta variedade cultivada de Scabiosa produz uma cor intensa que varia do azul ao verde e é extremamente sensível a mudanças de pH. Cresce facilmente e produz uma abundância de flores, que eu guardo e seco para um efeito de confete.


Cravo da India (Tagetes patula & erecta)


A planta mais reconhecida que cultivo no jardim. Nativa das Américas (particularmente conhecida na cultura mexicana), foi amplamente naturalizada em todo o mundo e agora é icônica em cerimônias hindus na Índia. É por isso que em Portugal o nome comum é "Cravo da Índia", apesar de não ser nativa do hemisfério oriental. Em Portugal, é mais conhecida por suas flores comestíveis populares e seu aroma forte ajuda a repelir pragas na horta. Na coleção de verão, ela oferece uma coloração amarelo-dourada intensa e estampas abstratas.


Índigo Japonês (Persicaria tinctoria)


Azul Índigo - a cor característica das coleções de verão. Cultivado e processado no atelier, ela me conecta a séculos de tradição do índigo de uma forma curativa. Embora eu cultive três espécies de plantas que produzem índigo (Isatis tinctoria, Indigofera Autralis + Sufruticosa e Persicaria tinctoria), é a Persicaria tinctoria (índigo japonês) que utilizo na produção. Como o nome sugere, o índigo japonês é a planta anual mais usada no Japão para obter o azul no processo sukomo.


Tingir com índigo é diferente de qualquer outra planta tintureira. Um universo à parte. Como o pigmento não é solúvel em água, ele precisa passar por um processo de redução que primeiro confere aos tecidos uma cor bronze-amarelada, que oxida para azul em contato com o ar.


Conceito e Inspiração

Quando as ervas espontâneas da primavera secam e os dias ficam mais longos, o jardim ganha vida em uma dança de reciprocidade. No verão, tenho mais envolvimento com as plantas acompanhando seu ciclo inteiro. Além de plantas comestíveis e medicinais, cultivo uma variedade de plantas tintureiras que não são nativas ou que não seriam sustentáveis para serem colhidas na natureza. Tenho o privilégio de acompanhar essas plantas da semente ao tecido, e elas me ensinam muito sobre a gestão de uma paissagem. Cuido das plantas, e elas, por sua vez, fornecem cor, textura e alegria. Redefinindo a relação entre os humanos e as plantas de uma forma benéfica para todos.


A coleção de verão começa bem antes da primavera. Começo a semear em março, meses antes da colheita, quando a cor é transferida para o tecido e, finalmente, compostada. Após o término da temporada, a manutenção do jardim continua, com os canteiros de flores sendo preparados para descansar. Graças a esse cuidado durante todo o ano, consigo tingir com uma abundância de cores vibrantes no verão.


A busca por cores vibrantes, como vermelho e azul, tem sido a fonte do passado violento de muitos tingimentos naturais. Cultivando essas plantas, que produzem cores raras e vibrantes, seguindo os princípios da agricultura regenerativa, que priorizam a saúde do solo e a regeneração da terra, curo minha relação com o passado do meu ofício.






 
 
 

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