Perfil Sazonal: Folhagem caduca de outono
- annettebrinckerhof
- 28 de out.
- 3 min de leitura

Plantas em destaque
Carvalho - Quercus sp.
O carvalho é o centro da floresta portuguesa. Várias espécies nativas, como Quercus suber (sobreiro), Q. ilex (azinheira) e Q. faginea (carvalho-português), são endémicas de Portugal, abrigando inúmeros insetos, aves e mamíferos. O carvalho mais famoso de Portugal é o Q. suber, cuja casca externa é extraída para a produção de cortiça. No entanto, existem muitas outras espécies introduzidas, incluindo Q. negral, que é uma das minhas favoritas para impressão. Os carvalhos contêm taninos fortes que produzem tons castanhos intensos e azul escuro-acinzentados escuros. As suas folhas caídas, bolotas, nozes e casca têm potencial para cor natural. Nem todos os carvalhos perdem as folhas no outono, mas os meus favoritos para impressão perdem naturalmente as folhas nesta altura.
Liquidambar (Liquidambar styraciflua)
Originária da América do Norte, a liquidâmbar tornou-se uma árvore ornamental muito apreciada em Portugal, especialmente em jardins públicos e avenidas. Suas folhas em forma de estrela brilham em tons de amarelo, laranja e vermelho no outono e são frequentemente confundidas com um bordo canadense. Diferencie as duas pelas sementes – os bordos sempre têm sementes planas em forma de "helicóptero", enquanto o liquidâmbar forma bolas pontiagudas para suas sementes. Independentemente da cor na superfície das folhas, a folhagem da liquidâmbar deixará as mesma impressão encantadora.
Nogueira (Juglans regia e J. nigra)
A nogueira comum ( J. regia ) foi introduzida pelos romanos, enquanto a nogueira preta ( J. nigra ) veio mais tarde da América do Norte e é extremamente rara em Portugal. As folhas de ambas fazem impressões incrivelmente detalhadas e as cascas da nogueira preta estão entre os corantes naturais mais permanentes do mundo. Em Portugal, as nogueiras comuns são extremamente fáceis de encontrar, crescendo bem em vales, perto de margens de rios e grandes jardins. Para a Juglans Nigra, tenho encontrado apenas uma árvore acessível em espaços públicos. Folhas e cascas de nozes podem ser usadas no atelier. O cheiro das cascas de nogueira preta em fermentação marca o verdadeiro início da produção de outono no estúdio.
Árvore do Céu ou Espanta Loubos (Ailanthus altissima)
O ailanto chegou à Europa como uma curiosidade ornamental plantada em jardins aristocráticos, valorizada por seu aspecto tropical e rápido crescimento. Hoje, é conhecida por sua capacidade invasiva e sua incrível capacidade de prosperar em espaços negligenciados. Cresce em rachaduras, atrás de muros e em terrenos baldios – quase nada a mata, e cortá-la a desafia a crescer ainda mais forte. Antes celebrada, agora vilipendiada, ela me lembra como os rótulos mudam com a perspectiva humana e me faz refletir sobre como a árvore mais ameaçadora para a paisagem nativa mal está no radar das pessoas. No atelier, a folhagem de grande formato produz impressões detalhadas e dramáticas. Enquanto faço minhas recolhar, vou removendo plantas jovens da raiz para impedir seu alargamento.
Romã (Punica granatum)
Eu uso cascas de romã para tingir os tons verde-oliva da coleção de outono. A planta é nativa de regiões que se estendem do Irã ao Mediterrâneo e faz parte da vida rural portuguesa há muito tempo, plantada em jardins domésticos por seus frutos e beleza. A fruta tão apreciada não tem utilidade para o tintureiro, pois os tons rosas rapidamente desbotam para o cinza ao sol. Em vez disso, são as cascas ricas em tanino que produzem amarelos quentes e verde-oliva. Para minha prática, coleto uma grande quantidade de cascas de romã nas máquinas de suco fresco do meu supermercado local e apanho diretamente das romãzeiras ornamentais, que produzem pequenos frutos, compostos principalmente de casca.
Conceito e Inspiração
O outono é uma lição de generosidade e senso de oportunidade. As árvores perdem o que não precisam mais, deixando para trás uma abundância de folhas e demonstrando que o planeta oferece de forma orgânica, tudo o que precisamos – só precisamos esperar o momento certo. Este ciclo natural de liberação e renovação me lembra que trabalhar em colaboração com a paisagem significa aprender quando colher e quando esperar. Estados de abundância acontecem quando as condições certas são estabelecidas, e o consumo pode ser sustentável quando parte de um ciclo de queda e regeneração.
O consumo não é inerentemente ruim; todos precisamos de insumos para sobreviver. Quando o consumo é projetado para se alinhar aos ciclos naturais de excesso de produção ou queda, não há esgotamento de energia ou recursos.
Naturalmente, aproveito essas folhas que a árvore perde no outono, dadas gratuitamente. Algumas vêm de árvores nativas, outras de espécies introduzidas. Cada uma tem sua própria história na paisagem portuguesa, desde espécies-chave até espécies problemáticas, mas todas têm em comum o fato de que, ao chegar o inverno, elas naturalmente perdem suas folhas.

















































































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